domingo, 25 de janeiro de 2015

Yabá (para minha tia de santo, Maíra Azevedo)



daquele chão levanta... majestosa
em banho perfumado por boas ervas

a mão que segura espelho, alfange
é a mesma que fez o chão brilhar

a alvura do pano
não conta que foi lavado à mão

enxaguado de balde ou bica
mergulhado em engoma ou anil
passado em calor ou no frio do tempo

a armação da saia não fala da anágua
endurecida e bem seca
que suaviza cada passo de dança
balança, balança

a altivez das costas não conta
que yawô de yabá dormiu no chão

curvou na pia, limpou o chão do barracão
cortou tempero, sapecou folha de bananeira
lustrou os móveis

deita como qualquer um de nós
levanta rainha



5 comentários:

  1. Fantástico Dani. Parabéns Maíra por inspirar esse poema maravilhoso!

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    1. Obrigada! A inspiração veio de todas as mais velhas que eu conheço no terreiro, especialmente da forma como Maíra me ajuda a enxergar melhor alguma coisas de dentro e fora do barracão.

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  2. Bonito poema, a sua tia deve ter adorado quanto nós :)

    *XoXo
    - www.helenaprimeira.blogspot.pt
    - https://www.youtube.com/watch?v=u8FHHl3dT3g
    - https://www.facebook.com/PrimeiraPanos?ref=hl

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    1. Obrigada, Helena! Muito bom saber que gostou. Visitarei seu blog!
      :) <3

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