quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Em defesa dos rapazes

É isso mesmo. Em defesa dos rapazes.

Eu mesma já postei o texto do @xicosa, a Carta (escancarada) ao Homem Frouxo. E hoje, venho aqui em defesa dos rapazes, dos homens, dos meninos que alguns nunca vão deixar de ser. Por que, amar não é pra qualquer um/a. E ter medo não é loucura, não. Nem frouxura...

Compartilhar a vida de outra pessoa nos exige muito, por mais que hajam afinidades, respeito, individualidades preservadas, prazer e leveza. Há o cotidiano, essa fera doméstica. Há os problemas de toda ordem, esses desestabilizadores de nós mesmos que interferem no que somos, pensamos e sentimos.

E há a intimidade, que traz com ela - mais cedo ou mais tarde - o desvanecer da imagem glamourosa da balada, da mesa do bar. A TPM, essa mutante, que a cada mês pode nos colocar de um jeito, hein meninas-mulheres? Os horários de trabalho, estudo, os grupos de amigos que podem não se cruzar (em vários sentidos), as famílias e suas heranças imateriais e sólidas. 

As feridas que cicatrizamos antes e as que nos atingirão depois.

Há o coração... esse músculo involuntário, que pulsa por muitas coisas ao mesmo tempo. E que precisamos (ou tentamos) manter sob controle se há algum tipo de pacto de fidelidade.  O coração, que mesmo amante, guarda tristezas e ternuras. Saudades e expectativas de toda ordem. Guarda lembranças e registra o presente. Se move conosco e o que sentimos... e vai se adaptando para transfundir o sangue do par, para sintonizar, para encontrar o ritmo que nos une, para ficar alinhadinho. 

O tempo de cada um.

A minha defesa dos rapazes é nesse sentido. Não é preciso ser frouxo para não ter coragem. Basta estar vivo e saber o mínimo sobre amar. Como já disse Djavan... esse verbo transitivo e direto é um deserto em seus temores. E quando chegar a hora... Você vai, meu querido, atravessar o deserto sem olhar pra trás. A coragem aparece, tenho certeza.


Não quero mais condenar quem tem medo. Eu tenho medo. A felicidade traz esse medo de que - um dia - mais cedo ou mais tarde... não a tenhamos mais. Quando ela nos envolve também guarda em si o pânico que vêm maior que o de antes. Quando não estamos namorando não esperamos quase nada... Mas, quando admitimos o relacionamento algumas coisas crescem assustadoramente. Felicidade é tênue... um fio de cabelo em nossas mãos meio afobadas (ou não). E não fica o tempo todo com quem ama!

O que acontece com muitos homens é que eles se acostumam à segurança das alegrias intermitentes. Muitas mulheres também, claro. As alegrias intermitentes de ficar, de se relacionar sem se entregar muito, de ser livre para escolher o que fazer todas as noites, todos os findis, sem dividir o cotidiano... mantendo a fera sob controle. Curtindo...

Mas, olha meu querido, (sim, você mesmo aí vivendo sua divertida vidinha de ficante):

Não há controle. Uma hora alguma vida vai encostar na tua... irreversivelmente  Aí, milagres acontecerão.

No mínimo, vai encontrar alguém para "olhar junto na mesma direção". Não é fácil. Pode ser bem fugaz, pode durar a vida inteira. Mas, é viver.

  • PS do Xico Sá: "Rapazes, o amor acaba, o amor acaba em qualquer esquina, de qualquer estação, depois do teatro, a qualquer momento, como dizia Paulo Mendes Campos, mas ter medo de enfrentá-lo é ir desta para a outra mascando o jiló do desprazer e da falta de apetite na vida". E crédito para a inspiração no post de hoje do Poesia do Céu.



Vento no Litoral - Legião Urbana



Um abraço mutante.
Essa sou eu, quinta  no início da noite.

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